sexta-feira, 26 de abril de 2013

A Ciência Romântica de Luria


Você já ouviu falar de sinestesia? No post de hoje, falarei um pouco sobre essa forma de percepção integrada dos sentidos. Alguns de nós somos capazes de estabelecermos conexões entre os mais diversos sentidos. Essas ligações podem ocorrer entre os mais diversos sentidos e sensações que obtemos em nossas experiências: visão, tato, olfato, paladar, audição.
Para ilustrar melhor a ideia da Sinestesia, apresento-lhes uma clássica obra, “A Mente e a Memória”, de um gênero literário um pouco diferente, a “ciência romântica”, inaugurada pelo renomado neuropsicólogo russo Alexander Romanovich Luria, gênero esse que diferenciou o autor e destacou sua obra no meio científico e literário.
O que Luria fez em sua obra, foi transformar os registros e observações de seu estudo de caso, em uma interpretação humana do que acontecia com seu paciente, o “S.”. O estudo, contado de forma bastante literária, romântica e simples, nos traz um resumo dos 30 anos de acompanhamento de um particular homem que Luria conheceu, o “S.”. Ele era capaz de armazenar, através de associações espontâneas e mais diversas, uma absurda quantidade de informações captadas por seus sentidos ao longo de toda sua vida.
S., quando chegou ao laboratório de Luria, não sabia ao certo o que iria encontrar. Não percebia nada de extraordinário em sua memória e percepção das coisas em seu redor, não via nada que o distinguisse dos outros. Porém, ao se tornar um objeto de estudo, aquilo que para ele era corriqueiro, tornou-se uma patologia. Ao decorrer da obra, Luria ilustra o tormento de S. ao lidar com sua, agora, doença.
Luria, em sua teoria, busca agregar a patologia ao desenvolvimento psicológico e social de S.. Desta forma, “a patologia deixa de ser um terreno alheio à condição humana, tornando-se parte da própria condição humana” (LURIA, p. X).
Pretendo, nos próximos posts, dar continuidade à apresentação dessa história muito curiosa, que além de lúdica, esclarece, de forma muito acessível, a mente humana.

Referência bibliográfica: "A Mente e a Memória" - A.R. Luria - Martins Fontes, 2006.

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