Você já ouviu falar de sinestesia? No post de hoje, falarei um pouco
sobre essa forma de percepção integrada dos sentidos. Alguns de nós somos
capazes de estabelecermos conexões entre os mais diversos sentidos. Essas
ligações podem ocorrer entre os mais diversos sentidos e sensações que obtemos
em nossas experiências: visão, tato, olfato, paladar, audição.
Para ilustrar melhor a ideia da Sinestesia, apresento-lhes uma clássica
obra, “A Mente e a Memória”, de um gênero literário um pouco diferente, a “ciência
romântica”, inaugurada pelo renomado neuropsicólogo russo Alexander Romanovich
Luria, gênero esse que diferenciou o autor e destacou sua obra no meio
científico e literário.
O que Luria fez em sua obra, foi transformar os registros e observações
de seu estudo de caso, em uma interpretação humana do que acontecia com seu
paciente, o “S.”. O estudo, contado de forma bastante literária, romântica e
simples, nos traz um resumo dos 30 anos de acompanhamento de um particular
homem que Luria conheceu, o “S.”. Ele era capaz de armazenar, através de
associações espontâneas e mais diversas, uma absurda quantidade de informações
captadas por seus sentidos ao longo de toda sua vida.
S., quando chegou ao laboratório de Luria, não sabia ao certo o que iria
encontrar. Não percebia nada de extraordinário em sua memória e percepção das
coisas em seu redor, não via nada que o distinguisse dos outros. Porém, ao se
tornar um objeto de estudo, aquilo que para ele era corriqueiro, tornou-se uma
patologia. Ao decorrer da obra, Luria ilustra o tormento de S. ao lidar com
sua, agora, doença.
Luria, em sua teoria, busca agregar a patologia ao desenvolvimento psicológico
e social de S.. Desta forma, “a patologia deixa de ser um terreno alheio à
condição humana, tornando-se parte da própria condição humana” (LURIA, p. X).
Pretendo, nos próximos posts, dar continuidade à apresentação dessa
história muito curiosa, que além de lúdica, esclarece, de forma muito
acessível, a mente humana.
Referência bibliográfica: "A Mente e a Memória" - A.R. Luria - Martins Fontes, 2006.